
Semana passada durante as atividades na Serra Gaúcha, pude conhecer em um produtor brasileiro com muita personalidade. Sócio da vinícola Estrela do Brasil, Irineo Dall’Agnol, é formado em Ciências Agrárias e Agronomia, com especialidade em Enologia na Itália.
O nome ESTRELAS DO BRASIL é uma homenagem especial ao descobridor Dom Pérignon que no ano de 1670 na região de Champagne, após desvendar esta magnífica bebida saiu gritando ”Estou Provando Estrelas”.

Seus vinhos são elaborados em dois vinhedos, um com 9 hectares no distrito de Faria Lemos, Bento Gonçalves, a 525 metros de altitude, sendo sua quase totalidade no sistema latada. O outro fica situado em Nova Prata, também na Serra Gaúcha, 12 hectares, com metade da área no sistema latada e a outra espaldeira.
O sistema de condução latada é também chamado de pérgola. É o sistema mais utilizado na Serra Gaúcha, RS e no Vale do Rio do Peixe, SC. Na América do Sul tem alguma expressão na Argentina, Chile e Uruguai. Na Europa, aparece em determinadas regiões vitícolas, especialmente na Itália, com denominações e formas diferenciadas.
Principais Vantagens
Proporciona o desenvolvimento de videiras vigorosas, que podem armazenar boas quantidades de material de reserva, como o amido;
Permite uma área do dossel extensa, com grande carga de gemas. Isto proporciona elevado número de cachos e alta produtividade;
Em função de sua produtividade, possui uma boa rentabilidade econômica especialmente em pequenas propriedades;
É de fácil adaptação à topografia de regiões montanhosas, como a Serra Gaúcha e o Vale do Rio do Peixe;
Facilita a locomoção dos viticultores, que pode ser feita em todas as direções.
Principais Desvantagens
Os custos de implantação e de manutenção do sistema de sustentação são elevados;
A posição do dossel e dos frutos situados horizontalmente acima do trabalhador causa transtornos à execução das práticas culturais;
A posição horizontal do dossel e o vigor excessivo das videiras podem causar sombreamento, afetar negativamente o microclima, a fertilidade das gemas e a qualidade da uva e do vinho;
O elevado índice de área foliar, se o dossel não for bem manejado, pode proporcionar maior umidade na região dos cachos e das folhas, o que favorece o aparecimento de doenças fúngicas;
O sistema de sustentação necessita ser sólido para suportar o peso do dossel e da produção e o impacto do vento;
A área máxima recomendada de cada parcela de um vinhedo conduzido em latada é de 4 ha.
Com uma produção anual de 25 mil garrafas, Irineo Dall’Agnol, estima um crescimento para 60 mil em 10 anos. Atualmente sua produção de trinta toneladas de uvas, somente um pequeno percentual vai para elaboração de vinhos próprios. Uma grande parcela é destinada para outras vinícolas, como a Chandon, Valduga, entre outras empresas. Perguntei a ele também se acredita na produção orgânica ou biodinâmica na região. E disse: “Isso é história para boi dormir”, não existe possibilidade de desenvolver um projeto desse aqui no Vale dos Vinhedos, a humidade e as demais características do clima não permitem, necessitamos do uso de agrotóxicos.
Sobre as vendas, me falou não ter mais interesse na venda de seus produtos no comercio, “quero virar macaco se isso acontecer de novo”, diz ele. Uma das razões e falta de comprometimento do comprador e a ausência de local apropriado para conservação, assim oxidando os vinhos, denegrindo a imagem da vinícola. Tendo agora com único canal de vendas o site na vinícola.

O jantar que foi realizado no Hotel Spa do Vinho, começou com a prova dos espumantes, um feito pelo método tradicional (champenoise), com leveduras encapsuladas, que elimina a etapa da “remuagem”, outro, um 100% Prosecco, obtido pelo método charmat com uma única fermentação, e dois nature (sem adição de açúcar), um rosé 100% Pinot Noir, muito delicado. Todos se mostraram agradáveis sem nenhum defeito aparente, dentro do padrão brasileiro de qualidade. Os preços variam de 25 a 35 reais no site. Dall’Agnol, falou ter um sonho que é produzir um espumante com a uva Sauvignon Blanc, vamos aguardar!

O grande destaque da noite em minha opinião foi DALL’AGNOL SUPERIORE 2005, R$ 70,00, um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Tannat, estagiou por 24 meses em barricas de carvalho americano. Apenas 1.000 garrafas foram produzidas e está esgotado. Visual rubi intensa, lágrimas finas e numerosas. No nariz apresenta aromas de frutas vermelhas e negras, mentol, toques de madeira nobre (cedro) na medida. O paladar é seco seco, com corpo bom. Boa acidez e teor alcoólico bem equilibrado. Taninos de ótima qualidade. Retrogosto de frutas vermelhas, madeira e especiarias. Persistência média. Um vinho elegante, gostei bastante.

O segundo vinho é a maior onda, se trata do Dall’Agnol DMD 2005, R$ 35,00, uma espécie de “Amarone Brasileiro”, um vinho tinto elaborado pela técnica da Dupla Maturação Direcionada (DMD), uma técnica pioneira desenvolvida pelo Irineo Dall’Agnol em seus vinhedos desde 1999. A técnica consiste, além da maturação tecnológica natural da uva, provocar uma segunda maturação através do corte de parte dos ramos que sustentam os cachos, provocando forte passificação natural das bagas ainda no vinhedo, e conseqüentemente a concentração de todos os constituintes do mosto da uva.
Visual bastante jovial na coloração, púrpura, aromas de média intensidade: frutas negras e vermelhas em geléia, especiarias, tabaco e couro. O paladar é seco, boa acidez, álcool integrado, taninos firmes, com certa aspereza. Achei a madeira um pouco destacada, escondendo a fruta. Não sei se vai integrar. Porém é gosto pessoal, muitos vão adorar o estilo.
Para mais informações sobre a vinícola, acesse o site: www.estrelasdobrasil.com.br
Curta a pagina do Blog Vivendo a Vida no Facebook